Comportamentos Aditivos
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Bebidas alcoólicas, tabaco, substâncias psicoativas
Comportamentos aditivos são fenómenos com características impulsivas‐compulsivas em relação a diferentes atividades ou condutas. Os mais frequentes entre os jovens são o consumo de substâncias psicoativas, como o álcool, o tabaco e a cannabis, mas também comportamentos aditivos sem substância, como é o caso do jogo e do uso da internet.
O fenómeno dos comportamentos aditivos e das dependências é complexo e multidimensional, incluindo factores genéticos, neurobiológicos, psicológicos e ambientais.
Envolvem a procura de prazer, mas implicam simultaneamente diversas consequências negativas. Geralmente, estão associados a danos físicos, sociais ou mentais para o próprio ou para terceiros (familiares, amigos, colegas). Acabar com estes comportamentos pode ser difícil e pode originar sintomas físicos e psicológicos.
Bebidas Alcoólicas
O consumo de álcool, abaixo dos 18 anos, está intimamente relacionado com problemas de saúde e acidentes que representam a principal causa de morte neste grupo etário. Sabe-se que, quanto menor a idade de início do consumo de álcool, maior o risco de consumo patológico e de dependência no futuro. O Decreto-Lei nº 106/2015 de 16 de junho proíbe a venda e consumo de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos.
Os/as jovens sob o efeito de álcool estão expostos/as a um conjunto de riscos acrescidos:
- Acidentes de viação: risco de acidente fatal é cinco vezes superior quando comparados com condutores com idade superior a 30 anos, seja qual for a alcoolemia;
- Violência: maior risco de comportamentos violentos quanto comparados com adolescentes que não bebem;
- Ideação suicida: risco duas vezes superior;
- Abuso sexual: as raparigas têm risco acrescido se estiverem sob efeito de álcool (cerca de nove vezes);
- Gravidez não desejada: sob efeito de álcool, o risco duplica em relação a jovens que não bebem.
Embora as bebidas alcoólicas tenham diferentes graduações, os copos habitualmente mais usados para as diferentes bebidas têm quantidade idêntica de álcool, o que corresponde a uma unidade bebida padrão com cerca de 10 graus (g) de álcool puro. A quantidade de álcool é, pois, idêntica por copo padronizado de vinho (a 12g), cerveja (a 5g) e bebidas destiladas (a 40g).
Tipologia |
Descrição |
Quantificação |
Abstinência |
Ausência de consumo |
|
Consumo de baixo risco |
Associado a uma baixa incidência de problemas de saúde |
Sexo masculino: até duas unidades de bebida padrão por dia (20g de álcool) Sexo feminino: até uma unidade de bebida padrão por dia (10g de álcool) |
Consumo de risco |
Ocasional ou continuado que aumenta a probabilidade de ocorrência de problemas de saúde. |
Sexo masculino: entre 4 a 6 unidades de bebida padrão por dia (40 a 60g de álcool) Sexo feminino: entre 2 a 4 unidades de bebida padrão por dia (20 a 40g de álcool) |
Consumo nocivo |
Padrão de consumo associado a consequências de saúde, eventualmente acompanhadas ou não de consequências negativas noutras esferas da vida do indivíduo, nomeadamente a nível social. |
Sexo masculino: mais de 6 unidades de bebida padrão por dia (superior a 60g de álcool) Sexo feminino: mais de 4 unidades de bebida padrão por dia (superior a 40g de álcool) |
Dependência |
Conjunto de fenómenos fisiológicos, cognitivos e comportamentais que pode desenvolver-se após o consumo repetido de álcool. Inclui um desejo intenso de consumir bebidas, descontrolo sobre esse consumo, continuação dos consumos independentemente das consequências, uma alta prioridade dada aos consumos em detrimento de outras atividades e obrigações, aumento da tolerância ao álcool e sintomas de privação quando o consumo é descontinuado. |
Durante a gravidez e a amamentação, não existe um nível de consumo seguro de álcool, pelo que não deve haver qualquer consumo durante esse período.
Tabaco
Os danos causados pelo tabaco nos jovens, a curto prazo, incluem problemas respiratórios, dependência da nicotina e o risco associado ao uso de outras drogas. A longo prazo, as consequências intensificam-se, uma vez que a maioria dos jovens que fuma regularmente continua a fumar na idade adulta.
Fumar, reduz a taxa de crescimento do pulmão. Os fumadores têm menor capacidade respiratória do que as pessoas que nunca fumaram. Embora as doenças cardiovasculares associadas ao consumo do tabaco ocorram mais na idade adulta, os primeiros sinais dessas doenças podem ser encontrados já em jovens fumadores. Fumar prejudica a aptidão física dos jovens, tanto em termos do desempenho como da resistência.
As pessoas não fumadoras têm menos problemas respiratórios, menos probabilidades de vir a ter cancro no pulmão, nos lábios, na laringe, orofaringe, esófago, pâncreas, bexiga, rim, etc., e também menos probabilidade de terem alguma ou algumas doenças cardio-cerebro-vasculares (acidente vascular cerebral, angina de peito, enfarte do miocárdio, insuficiência cardíaca ou morte súbita), doenças pulmonares como a bronquite crónica ou o enfisema, com grave insuficiência respiratória. A própria osteoporose é agravada pelo tabaco. E não menos importante é ainda a maior frequência de acidentes de estrada e de incêndios por causa do tabaco.
Informações disponíveis em Instituto Nacional de Cardiologia Preventiva
Outras substâncias psicoativas
As substâncias psicoativas quando fumadas, inaladas, ingeridas, bebidas ou injetadas afetam o cérebro e o restante sistema nervoso. Algumas diminuem a atividade do sistema nervoso central, a atividade motora, a reação à dor e a ansiedade. Alguns exemplos são o álcool, a heroína e alguns medicamentos. Outras, aumentam o estado de alerta e a atividade do sistema nervoso central como a cafeína, a nicotina, a cocaína e as anfetaminas. Outras ainda, levam ao aparecimento de diversos fenómenos psíquicos perturbadores como as alucinações e os delírios, alterando a nossa perceção do mundo. O LSD, o haxixe e os cogumelos mágicos são exemplos desta categoria.
O consumo de substâncias psicoativas podem causar múltiplos problemas físicos ou psíquicos, desinserção social, aumento significativo de acidentes e de episódios de violência. No que se refere ao rendimento escolar e profissional, é frequente que a performance decresça e que o absentismo aumente.
Mais informações disponíveis no Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).
Comportamentos Aditivos sem Substância
Apesar de tradicionalmente se associar os comportamentos aditivos ao consumo de substâncias (álcool ou outras substâncias psicoativas), constata-se também que existem hábitos, aparentemente inofensivos que, em determinadas circunstâncias, podem adquirir as mesmas caraterísticas. Tal como acontece na dependência de substâncias, as pessoas com adições sem substância podem experimentar um profundo mal-estar emocional (tristeza, insónia, irritabilidade, inquietação psicomotora, etc) quando não praticam determinado comportamento. À medida que o processo de adição avança, os comportamentos tornam-se automáticos e intensificam-se, sendo ativados por emoções e impulsos, e envolvendo um escasso controlo cognitivo. A gratificação imediata é sobrevalorizada e não se repara nas possíveis consequências negativas desse comportamento, o que geralmente se reflete nas atividades do dia a dia (responsabilidades familiares ou académicas, profissionais ou nos tempos livres).
Um dos exemplos desse tipo de comportamentos é o jogo. Neste conceito, estão englobados dois fenómenos com características muito distintas: o gambling (jogo a dinheiro) e o gaming (que envolve a interatividade como é o caso dos videojogos).
É importante ter em atenção os seguintes sintomas:
- Necessidade de estar sempre a jogar;
- Prazer e alívio quando se joga, com eventual perda de noção da passagem do tempo;
- Necessidade de jogar por períodos cada vez mais longos;
- Mal-estar, inquietação e desconforto quando não se pode jogar.
Em caso de sintomas de comportamentos aditivos ou de adição podem ser contactados os Gabinetes de Saúde Juvenil do IPDJ.
Atualizado em: 28/04/2021
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