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Dirigentes, oradores/as e figuras do desporto nacional debatem «Talento, Ética e Igualdade no Desporto»

2.ª Conferência Bola Branca, uma organização IPDJ e Rádio Renascença.

23/05/2023

O auditório da Rádio Renascença recebeu oradores/as, dirigentes e figuras do desporto nacional, para debaterem o tema «Talento, Ética e Igualdade no Desporto», na 2.ª Conferência Bola Branca, organizada pelo IPDJ e a Rádio Renascença.

Vítor Pataco, Presidente do Conselho Diretivo do IPDJ e José Luís Ramos Pinheiro, Administrador do Grupo Renascença Multimédia iniciaram os trabalhos, dando as boas-vindas aos/às presentes.

José Luís Ramos Pinheiro reconheceu o apoio do IPDJ na realização desta conferência na medida em que a discussão da ética, igualdade e talento são importantes para as pessoas jovens e para a construção do seu futuro. «Talento não falta em Portugal, mas sem igualdade e ética não chega. Há muita coisa a mudar no desporto português, felizmente para melhor, e a nossa tentativa é criar uma mentalidade cada vez mais vencedora em todos os teatros de competição, que envolvem o talento, mas também a forma como se compete, como se garante o acesso e a igualdade.» Vítor Pataco, congratulou-se com a parceria com a Rádio Renascença e começou por abordar o tema da violência no desporto, dando a conhecer o trabalho que o IPDJ tem feito nesta matéria, designadamente ao nível do Plano Nacional de Ética no Desporto, e, mais recentemente, com a campanha #NãoSejaBullydeBancada, iniciativa que pretende alterar comportamentos dos agentes desportivos, dos pais e encarregados de educação, especialmente em ambientes de jogos de camadas jovens, referindo que «Não podemos permitir que aqueles que são externos teimem em ter comportamento inaceitáveis». Vítor Pataco deu, ainda, conta do talento é desenvolvido nos Centros de Alto Rendimento espalhados por todo o país e referiu o esforço feito em termos de ética, com o Cartão Branco e as intervenções realizadas em estabelecimentos escolares.

O painel de abertura contou com a presença de João Paulo Correia, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, de Fernando Gomes, Presidente da Federação Portuguesa de Futebol e de Pedro Proença, Presidente da Liga Portugal. João Paulo Correia deu conta do trabalho que o Governo tem desenvolvido nas matérias em discussão nesta conferência. Começou por realçar o alto rendimento desportivo, referindo que existem mais de 700 mil praticantes federados, em 61 federações com utilidade pública, um número histórico em relação a 2019. Realçou as Unidades de Apoio ao Alto Rendimento na Escola, programa que permite aos/às atletas das seleções conciliar a vida académica e a desportiva. João Paulo Correia deu, ainda, conta do financiamento do Estado aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2024, como sendo o maior de sempre, o que significa um aumento de 20 por cento para treinadores/as e atletas. O Secretário de Estado deu nota da criação de um programa de saúde mental para o alto rendimento desportivo, através de um protocolo entre o IPDJ e a Cruz Vermelha Portuguesa. Sobre igualdade de género, o Secretário de Estado, realçando as recomendações sobre para que Portugal chegue a 2029 na média europeia, referiu «passados 49 anos do 25 de abril foi criado o primeiro grupo de trabalho para a Igualdade de Género no Desporto». João Paulo Correia deixou uma pergunta no ar no que diz respeito a lideranças: «Quanto tempo falta para que o nosso clube de preferência seja um dia presidido por uma mulher?». João Paulo Correia referiu-se, ainda, aos novos critérios para entrada de investidores nas sociedades anónimas desportivas, como requisitos de idoneidade e estabelecimento de incompatibilidades.

Fernando Gomes, Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, na sua intervenção, realçou o trabalho da federação na procura de talento «uma das nossas missões principais é desenvolver esse talento e fazê-lo vingar ao mais alto nível».  Deu conta das dificuldades existentes no futebol português, nomeadamente a necessidade de mais infraestruturas e de alagar a base de recrutamento, de continuar a trazer raparigas e rapazes para a prática desportiva. Em termos de igualdade referiu o aumento do número de atletas federadas, sendo mais de 15 mil, pretendendo alargar este número até às 75 mil praticantes em 2030. «Temos assistido, em Portugal, a uma revolução silenciosa em termos do futebol feminino» à qual a Federação quer corresponder com a duplicação de apoio.

Pedro Proença, Presidente da Liga Portugal destacou a Escola dos temas da conferência e começou por falar do talento, referindo que o nosso país tem 71 jogadores a competir em equipas das Big Five, com treinadores em mundo. «Somos o país que mais amealhou em transferências, atrás apenas da França», mostrando a importância de Portugal em termos de talento. Referiu, ainda, a falta de capacidade de reter esse talento, acreditando que é necessário «capacitar os clubes para competirem com os principais concorrentes internacionais».

O Debate «Talento: como o descobrimos e o que fazemos com ele», contou com a presença de Raquel Sampaio, Agente FIFA, ex-jogadora de futebol e diretora desportiva, Vítor Pardal, Coordenador Nacional das Unidades de Apoio ao Alto Rendimento na Escola e Paulo Noga, Diretor de Scouting de formação do Sporting Clube de Portugal. Neste painel discutiu-se a otimização de talentos e os meios para equilibrar a vida profissional e pessoal dos e das atletas que representam e apoiam. Vítor Pardal enalteceu a importância do desenvolvimento do talento de uma forma holística e a necessidade de ter sempre um plano B para apoiar os/as atletas. Paulo Noga não separa os modelos desportivo e educativo, assumindo como projeto único, para formar atletas com vista a maior sucesso no alto rendimento, mas, em simultâneo, com a vida social e pessoal. Já Raquel Sampaio considera que as mulheres têm de provar em dobro para pertencer a este meio. Como agente da FIFA refere a importância de ter toda a rede de serviços para as atletas que representa. Referiu, ainda, a dificuldade em reter o talento feminino no nosso país pela falta de profissionalização.

Na conversa com Luís Mendes, Vice-presidente e administrador da SAD do Sport Lisboa e Benfica, abordaram-se temas como a igualdade de género no clube, referindo que «existe um investimento no futebol feminino e que está presente em todas as modalidades, tendo já rendido oito títulos ao futebol feminino». Falou, ainda, da atual gestão e das expectativas futuras do clube, que «tem todas as condições para ser campeão».

No painel «Igualdade: como a conquistamos e desenvolvemos no desporto», as oradoras Leila Marques, Vice-Presidente do Comité Paralímpico de Portugal, Susana Feitor, Presidente Fundação do Desporto e ex-Atleta Olímpica e Mónica Jorge, Diretora Futebol Feminino da Federação Portuguesa de Futebol e antiga selecionadora nacional de futebol feminino, debateram questões relacionadas com os desafios enfrentados enquanto atletas e, agora, como dirigentes, em termos de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres no desporto. Leila Marques referiu a questão de terem de se quebrados estereótipos relativamente a atletas com deficiência e a importância dos homens dentro das instituições desportivas para trazer à mesa este assunto. Susana Feitor recordou as suas participações nos Jogos Olímpicos e falta de paridade na sua modalidade «O que se pretende é a equidade para todos», sublinhou. Recorda que as maiores entidades desportivas em Portugal são todas lideradas por homens. Mónica Jorge referiu a evolução nos últimos dez anos, em termos de número de participantes e a quebra de barreiras que está a acontecer. Enalteceu, ainda, o trabalho realizado nesse sentido, pela Federação Portuguesa de Futebol.

O selecionador Nacional Feminino de Futebol, Francisco Neto anunciou que pretende passar aos oitavos de final no Campeonato do Mundo em que Portugal vai participar pela primeira vez. Relativamente à questão da igualdade de género, este dirigente considera que o mais importante é o talento e a competência e não o género. Incentivou ainda todas a atletas a usarem a plataforma de denúncia anónima do FPF, em caso de abusos.

A segunda parte da conferência iniciou-se com o debate «Treinadores em Diálogo» com Paulo Jorge Pereira, selecionador de andebol de Portugal e Paulo Bento, treinador de futebol e antigo selecionador nacional de futebol. Relativamente ao talento nas camadas mais jovens, Paulo Bento considera que os atletas devem ir crescendo, entendendo o jogo de forma que cheguem à alta competição preparados da melhor maneira possível e que não vivam só da capacidade técnica, rematando que «atualmente não é possível viver apenas do talento em alta competição». Na Ásia, nomeadamente na Coreia, Paulo Bento considera a necessidade de haver mais igualdade de oportunidades. Em Portugal, este caminho está bem evidente, com tendência a crescer. Quanto ao tema da ética, considera que é fundamental o respeito pelo trabalho de todos. Para o Paulo Jorge Pereira, é mais fácil gerir talento, na medida em que o talento não se pode criar. Quanto ao seu trabalho na seleção, o facto de os atletas participarem em campeonatos europeus, mundiais e jogos olímpicos, traz um valor acrescentado aos atletas «Cada vez mais se treina melhor em Portugal. Já chegámos àquele nível em que numa competição não sabemos bem quem vai ganhar e nesse ponto, o meu trabalho está feito», remata.

Antes do debate «Ética como tornamos o Desporto seguro para todos», foi apresentado o filme da campanha #NãoSejasBullydeBancada.

Rodrigo Cavaleiro, Presidente da Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto, recorda vários acontecimentos desviantes que aconteceram nas mais diversas modalidades. Em termos de sanções, estas têm sido rapidamente aplicadas e são pesadas. Referiu ainda que «quanto mais educação houver, menos comportamentos desviantes acontecerão». Deu nota ainda, que existe uma ligeira diminuição de incidências na primeira Liga, mas um aumento em todas as outras. Duarte Gomes, membro do Conselho Nacional do Desporto referiu que o fenómeno da violência do desporto está a aumentar. Sendo algo emotivo, este comportamento acontece nos vários agentes na área do desporto e pelos familiares dos atletas. José Miguel Sampaio e Nora, Presidente Associação Portuguesa de Direito Desportivo considera terem sido dados passos importantes em termos de regulamentação jurídica, afirmando que «as Ligas e as Federações têm feito um bom trabalho em termos de sanções». Miguel Oliveira, Piloto Moto GP falou da sua trajetória enquanto atleta até chegar ao atual ponto da sua carreira. Referiu-se à sua lesão e conta voltar a cem por cento para ser campeão do mundo de Moto GP este ano.

Seguiu-se o Debate «Futebol: o que está a mudar no jogo?» com Francisco Geraldes, Jogador do Estoril-Praia, Filipe Martins, Treinador Casa Pia Atlético Clube e Kika Nazareth, jogadora Sport Lisboa e Benfica e da Seleção Nacional Feminina. Kika Fernandes considera que a sociedade, em torno do futebol, não tem noção do que é uma seleção nacional feminina chegar a um campeonato mundial «foi um feito histórico. É um dia que está constantemente na minha cabeça. Estamos há muito tempo a tentar evoluir e chegou a nossa hora». Considera que a federação fez um trabalho fundamental para a o crescimento do futebol feminino, mas que em termos de condições, as atletas têm de ter as mesmas que os homens. Filipe Martins já viu muitos talentos a perderem-se e outros que tinham capacidade e que desistiram. O talento faz a diferença numa equipa, mas nem sempre têm capacidade de gerir as expetativas ou não competências de interação com a r equipa. Francisco Geraldes refere que o seu foco é a alegria do jogo, gostar do que faz e estar com treinadores que consigam tirar o melhor dele. Lamenta a violência no desporto, podendo até ser destruídas carreiras.

A Conferência encerrou com Roberto Martínez, Selecionador Nacional de Futebol. Reafirmou que é possível Portugal voltar a ser campeão da Europa. Destacou a importância da chegada de novos jogadores à seleção para uma renovação natural «Precisamos de jogadores jovem porque têm sonhos», reforça. O que o mais surpreendeu na seleção portuguesa foi a responsabilidade e compromisso dos jogadores, referindo que «os nossos jogadores adoram jogar na seleção e isso foi muito compensador». Para Roberto Martínez o talento é para os jogadores e os treinadores apenas fazem a gestão. Refere que o talento não é suficiente para ganhar, sendo «preciso ter uma atitude positiva».

 

Reveja a 2.ª Conferência Bola Branca no canal de Youtube do IPDJ:

 

Primeira parte:

 

Segunda parte:

 

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